Introdução: Quando falamos de Idade Média falamos de uma divisão do tempo histórico feita pelos historiadores do Renascimento no século XVI, que pensavam a história da humanidade dividida em três tempos: Antiguidade (pensavam apenas em Grécia e Roma apenas) e Modernidade (o tempo em que viviam, o das grandes navegações e quando tentavam resgatar os valores da Antiguidade). Entre estes dois tempos haveria uma época intermediária, a Idade Média.
Nessa classificação eurocêntrica (porque valia apenas para a Europa, pois esse era o espaço geográfico em que viviam), a Idade Média teria começado com a Queda do Império Romano em 476 e findado com a tomada de Constantinopla pelos turcos islamizados em 1453.
A Idade Média nesse contexto era considerada como a Idade das Trevas, Era do Atraso e da Ignorância, dominada pelo paganismo. Existiria a desordem social, bandidos e ladrões dominariam a sociedade, reinos bárbaros envolvidos em guerras “intermináveis” entre esses reis.
Agora façamos algumas críticas dessa concepção:
a) O Império Romano, segundo pensam os historiadores atualmente, não teria desaparecido em 476, mas teria havido transformações e ele teria se dividido e sido assimilado pelos diversos reinos germânicos que vieram nos séculos V até o X;
b) Os reinos eram germânicos, correspondendo a diversos grupos ou tribos, os francos na Europa Central, os visigodos na Península Ibérica, os anglos e saxões nas Ilhas Britânicas, os magiares na Hungria, os ostrogodos e eslavos na Europa Oriental;
c) Houve um grande desenvolvimento agrícola e o surgimento de uma economia bancária que desempenharão papel importante na época da expansão marítima européia dos séculos XV e XVI;
d) Constantinopla nos século XV era naquele momento pouco importante e exercia reduzida influência na Europa;
e) Finalmente, com relação a pensar na Europa pagã na Idade Média, esta idéia também é falsa, embora houvesse bruxarias e seitas consideradas heréticas, a Igreja Cristã se fortaleceu, aliando-se ao poder dos reis e altos senhores feudais, tornando-se majoritária em toda Europa e expandido-se para a Ásia e África.
Formação do mundo medieval: A Idade Média é uma idéia que só é aplicável à Europa. Lá castelos, as histórias do Rei Artur e os cavaleiros da Távola Redonda, Robin Hood e os torneios de cavaleiros ainda atraem crianças, jovens e adultos que se interessam pelo assunto.
Feudalismo ou Idade Média? A expressão Idade Média foi criada pelos renascentistas e refere-se a uma época 476-1453. Já Feudalismo é o nome de um sistema de produção a partir do século IX, definido após um longo processo de formação, reunindo principalmente elementos de origem germânica e de origem romana.
Essas relações feudais se consolidam durante o reino carolíngio de Carlos Magno que para melhor administrar seu reino dividiu seu império em províncias, onde concedia aos nobres o privilégio de governá-las com autoridade política e jurídica, em troca de lealdade e de uma parte dos rendimentos das regiões.
Os condados (correspondentes às antigas cidades) eram administrados por condes. Nas fronteiras foram estabelecidas as marcas, governadas por margraves ou marqueses. Os ducados, que compreendiam condados e marcas, eram zonas de jurisdição militar comandadas por duques, o mais alto título de nobreza feudal abaixo do imperador.
Os nobres administradores eram fiscalizados pelos “missi dominici” (que em latim significa “enviados do senhor”), eram homens de confiança de Carlos Magno. Os “missi” eram sempre dois: um leigo e um eclesiástico que percorriam as províncias verificando se as leis estavam sendo cumpridas e se o povo não tinha queixas a fazer.
Fontes:
Baschet, Jérome. A civilização feudal, do ano mil à colonização da América, trad. Marcelo Rede, São Paulo, Editora Globo, 2006, pp.23-81;
Moraes, José Geraldo V. de. História Geral e Brasil, São Paulo, 3ª Ed., Atual Editora, 2009, p. 139.
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